domingo, 9 de maio de 2010

VERBOS: NEM SEMPRE O QUE PARECE É...

A MÁSCARA DO VERBO

Como os tempos verbais são usados para indicar sentidos em geral atribuídos a outras formas da ação

Por João Jonas Veiga Sobral, professor de Língua Portuguesa da Escola Móbile. (Fonte: Revista Língua - UOL)

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Essa passagem bíblica, do Livro de Eclesiastes (3:1-8), é talvez a mais exata epígrafe para as várias possibilidades do uso semântico dos tempos verbais e os seus propósitos explícitos e implícitos.

Alguns tempos podem indicar valores e noções bem diversas das expressas nos tempos reais, e permitem que atinjamos com mais eficiência e clareza o propósito de dadas enunciações.

Tomemos outra passagem bíblica: a de mandamentos como "Não cobiçarás a mulher do próximo". O futuro do presente do indicativo normalmente é usado para indicar uma enunciação ou ação posterior ao momento da fala. Nos mandamentos foi usado com valor de imperativo em um tempo não específico - ou seja, a ordem serve para todo o sempre. Esse emprego sugere uma enunciação mais enfática e decisiva do que a sugerida no imperativo "Não cobices a mulher do próximo". O tom ameaçador e categórico da ordem se perde com o uso do imperativo, e a mensagem não é passada em toda sua essência ou intenção.

As situações comunicativas apresentam nuances sutis de intenção que ultrapassam a mera necessidade de marcar o tempo cronológico de uma dada enunciação ou ação. Elas exigem do falante algum jogo de cintura e clareza das circunstâncias que permeiam o ato da fala.

O uso semântico dos verbos é recurso indispensável para que o enunciador obtenha êxito comunicativo. Os casos destacados a seguir mostram tempos verbais usados para descrever ações que, a rigor, seriam da conta de outros tempos verbais - mas, mesmo assim, com isso revelam-se mais precisos e comunicativos.

O tempo da delicadeza

Quando o enunciador deseja expressar polidez ou casualidade num pedido ou mesmo numa ordem, não raro abre mão do imperativo, substituindo-o pelo presente do indicativo ou então pelo futuro do pretérito:

"Você traz um cafezinho pra mim, por favor." ou

"Você poderia trazer um cafezinho pra mim, por favor".

Com o pretérito imperfeito do indicativo, há a possibilidade de produzir o mesmo efeito e acentuar a informalidade:

"Você podia trazer um cafezinho para mim, por favor"

Esses usos semânticos tornam mais exato o efeito expressivo da mensagem e, principalmente, a intenção do falante. Além disso, o emprego desses tempos verbais gera no interlocutor uma resposta efetiva, além de permitir que a situação comunicativa se estabeleça de forma mais autêntica.

O tempo e seus propósitos

Há usos de tempos verbais reveladores mais de intenções do falante do que da definição de tempo. Ao escolher o presente do indicativo para indicar um fato futuro, tempo presente associado a certas expressões ou outros tempos verbais, o falante pode denotar o desejo real de concretizar a ação em um prazo curto e certo:

"À tarde eu lhe envio a correspondência"

Pode, ainda, denotar uma intenção escamoteada de que o fato possa não ocorrer:

"Assim que eu puder, eu lhe envio a correspondência".

Nos dois casos, o presente do indicativo é usado para expressar ação futura. Em outros casos, o presente do indicativo ou do subjuntivo pode não só indicar a intenção do falante como alterar o sentido de palavras da frase

ou do contexto:

"O presidente da CBF admite que Ronaldo volta para a seleção" ou

"O presidente da CBF admite que Ronaldo volte para a seleção".

A mera troca do modo verbal provoca leituras distintas do enunciado e, sobretudo, da acepção da formal verbal "admite". Na primeira construção, ela pode ser substituída sem dano ao sentido por "confirma"; já na segunda, pode ser trocada por "sugere". Mais do que o uso dos modos e dos tempos, as escolhas definem uma compreensão das entrelinhas e da ironia embutidas em tais enunciados.

A imprensa usa o presente do indicativo para indicar um evento no passado. Faz isso para aproximar o leitor do fato: "Time vence com facilidade e encosta no líder". O recurso, conhecido como presente histórico ou narrativo, é também comum em livros didáticos: "Em 1822, o Brasil proclama sua independência".

O tempo da ironia

Certos tempos verbais deslocados de seu sentido cronológico habitual são utilizados para expressar ironia explícita ou implícita.

Uma marchinha carnavalesca, por exemplo, usa desse expediente com graça e preconceito: "Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é?".

O futuro do presente do indicativo do verbo "ser", nesse contexto, sugere uma ação hipotética ou eventual, porém esconde a afirmação implícita sobre a orientação sexual do personagem da famosa canção. O enunciador não o afirma de forma escancarada, mas busca cumplicidade para que a resposta à pergunta se efetive.

Há muitas situações comunicativas nas quais produzimos mensagens semelhantes à do exemplo mencionado:

"Será o pobre caseiro o responsável por tudo?"

"Quem me ajudará a limpar os copos, Pedro?"

Questionamentos como esses trazem em si a resposta e também revelam ironia, uma vez que o modo indicativo, em geral, não se presta a indicar eventualidade ou suposição.

É possível, também, usar esse mesmo recurso valendo-se do futuro do pretérito:

"Estaríamos sendo justos?".

No entanto, as supostas dúvidas são logo desfeitas pelo interlocutor, que percebe com facilidade a intenção contida na mensagem que lhe foi repassada.

O tempo absoluto

Provérbios, axiomas e frases de efeito normalmente não apresentam um tempo específico, pois a enunciação traz noção atemporal, para além do momento da fala, e se estende a um tempo não marcado. São mensagens que passam ideia absoluta e indiscutível: "Quem com ferro fere com ferro será ferido". O falante, no fundo, não pretende prever o futuro. Sua intenção é proferir sentença categórica. O presente e o futuro usados no provérbio são atemporais, não apresentam as suas conotações usuais.

O sambista Cartola compôs O Mundo é um Moinho com esse recurso:

"Preste atenção, querida / embora eu saiba que estás resolvida / em cada esquina cai um pouco a tua vida / e em pouco tempo não serás mais o que és".

Aqui, a sentença categórica mostra ao interlocutor os perigos da atitude tomada e suas consequências. O pretérito perfeito também pode apresentar essa noção de atemporalidade:

"O homem do deserto aprendeu a viver em situações de extrema dificuldade".

A intenção da frase não é tratar de fato ocorrido no passado, mas mostrar uma verdade atemporal: a certeza de que o homem do deserto é capaz.

O tempo da informalidade

Uma famosa propaganda trazia como slogan uma correlação verbal comum na linguagem oral ou coloquial:

"Se eu fosse você, só usava Valisère".

Essa estrutura é típica na expressão informal e estabelece relação entre pretéritos. Certos gramáticos admitiriam só a versão "Se eu fosse você, só usaria Valisière".

O pretérito imperfeito do indicativo, em lugar do futuro do pretérito, confere ao enunciado informalidade e acentua o caráter hipotético estabelecido pelo imperfeito do subjuntivo "fosse".

No cotidiano usamos a estrutura informal quando desejamos acentuar a noção de suposição:

"Se ele tivesse me avisado, eu pedia silêncio."

O pretérito mais-que-perfeito também pode ser usado em situações hipotéticas, principalmente em frases optativas: "Quem dera ele voltasse."

Em situações cotidianas, o pretérito mais-que-perfeito é substituído pela sua forma composta:

"O fato tinha ocorrido nas imediações do município" (O fato ocorrera...).

Caetano Veloso vai além e usa esse tempo verbal em substituição ao pretérito imperfeito do subjuntivo e ao futuro do pretérito do indicativo, respectivamente:

"Menos a conhecera mais amara". A correlação verbal habitual seria "Menos a conhecesse mais a amaria".

Aqui, Caetano opta por uma construção mais sofisticada e erudita.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

GALERA DA 7ª SÉRIE - PASSEIO NO SHOPPING

Parabéns, pessoal, foi um ótimo passeio. Você foram maravilhosos! Beijos, Professora Franciela e Professor Julho.






Thiago

Os dois videos mostram sobre o Bullying, que infelismente não está apnas nos videos. No primeiro a garota é excluida pelas tais "amigas", e no segundo a outra garota tambem se sente excluida e ofendida, mas percebi que no primeiro video a garota que sofreu bullying fazia parte do grupinho, então ela teria que ser igual elas não? isso significa q ela tambem praticava bullying...
Nos comentarios do YouTube tem varias respostas interessantes mas achei uma assim:
"bullyng e a coisa mais legal que existe e bom de praticar e tem efeito imediato eu fasso aquele idiota do marcos chorar eu xingo ele e alem disso tenho poder sobre ele"
Só pra terminar queria avisar que quem pratica bullying se da mau no final, quem ri por ultimo ri melhor...

sábado, 1 de maio de 2010

TAREFA PARA 5ª, 6ª E 7ª SÉRIES: VIOLÊNCIA FÍSICA E MORAL NAS ESCOLAS

No filme ODD GIRL OUT (Garota Fora do Jogo), Vanessa fazia parte do grupo das populares do colégio. Porém uma fofoca criada por uma de suas "amigas" não só faz com que seja excluída do grupo: ela passa a ser perseguida pelos colegas na escola e na internet.

Já o segundo vídeo, mostra como as palavras podem machucar.

SIGA CORRETAMENTE O ENUNCIADO: Assista ao vídeo abaixo e escreva um texto explicando o comportamento do grupo e os sentimentos de Vanessa diante da situação, também opinando sobre o assunto. Depois, faça uma comparação com o segundo vídeo. 

IMPORTANTE: O texto pode ser enviado como COMENTÁRIO e deve ter no mínimo 10 linhas; não se esqueça de se identificar, colocando nome e turma; o prazo máximo para os comentários se encerram na sexta-feira (07/05/2010).

A SABEDORIA DA VARIANTE POPULAR: O MUSEU DE LÍNGUA PROVOCA SEUS VISITANTES AO EXPLICAR A LÓGICA POR TRÁS DOS ERROS DE PORTUGUÊS